domingo, 21 de setembro de 2014

Bem-vinda, Primavera!


A primavera somente floresce onde a natureza é preservada.
Nélsinês

21 de setembro - Dia da Árvore










ÁRVORE



Nélsinês


Da
semente
adormecida na terra/
nasceu o sonho de luz num dia:/
tornar-se grande, nobre e bela/ árvore frondosa
de funda raiz/ de flores muitas, orvalhadas/ na bênção dos céus
a embalar/ gorjeios de aves e ninhos tantos/ por bem houvessem nesta paz./
E floriu sorrindo, a primavera/ ao ver os brotos rasgando o chão/
mais uma promessa de imenso valor/ no verão de brisas já se engalanavam/ extensas planícies, vales e montes/ que no outono esplendores de ouro/ vergavam frutos de seiva doce e sabor./ No inverno, o frio de açoites/ ensinou a árvore a fingir-se de morta/ sopro divino, mais tarde, a reflorescer./
Viveu a árvore, assim, cercada de irmãs/ dezenas de anos e séculos até/
até que numa escura noite de insônia/
o triste homem seu tronco sangrou/ tombou a árvore
tristes verdes prantos/pradarias de amores
tornados  desertos/
é serra e machado
plaina, prego e fogo/
deu-lhe   o  homem
um destino e jaz nela/
enfim, seu vil,  cruel
destruidor/ levado ao
 enterro no negro ataúde/
não tem da semente, seu corpo, a glória/
que engendra outra vida que ainda palpita/ e renasce na terra fecunda.
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Leia também:
O alfabeto da árvore no link a seguir:

Meu amor ao RS e suas tradições



HINO À TERRA GAÚCHA

                                                                Nélsinês

Rio Grande do Sul que eu amo
base de todo o Brasil.
Aqui tem quatro estações no ano
e um povo varonil.

Rincão de entreveros e glórias
registra a história em seus anais.
Quem se afasta leva memória
daqui não olvida jamais.

Índios valentes, campeiros
qual Sepé, sempre guapos,
valorosos, também guerreiros
fizeram defesa, os Farrapos.

Desde as Fundações Missioneiras
erigindo progressistas cidadelas,
terras gaúchas, faceiras
porteiras abertas,  chancelas.

Esta terra é abençoada
por São Pedro, gran Patrono.
Do meu coração é morada
“esta terra tem dono”!




O GAÚCHO

                                                     Nélsinês

Peão de estância, matuto e destemido
bom de laço, silencioso, observador
pelos pampas campeia meditativo
alma grande, ninguém se iguala em valor.

Ceva o mate antes da primeira claridade
no rancho solito ou com a prenda, sua amada
assim servido de sonho e liberdade
encilha o pingo e parte pra invernada.

Costeia a serra com os potros, tropeadas
na várzea longe inspiram-lhe as coxilhas
trovas de amor pela terra e saudades
dor e pranto: devastadas suas trilhas.

Planícies desertas e distantes calmarias
garças brancas nas lagoas, entristecidas
é o progresso envenenando as pradarias
semeando morte nestas terras tão renhidas.
 
Rendem-se homens nesta terra de pampas
vãs ideologias que vêm de outra história
não tem na bandeira o gaúcho de estampa
nem vestem, do Rio Grande, a grande glória.


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Se você gostou, leia também meu poema "Pampa e sonho" em:

Ainda a saudade de Rosélia

Embora tenha consciência que ela descansou das agruras desta vida, ainda sinto e vou sentir sempre sua falta entre nós.
Aqui, um singelo registro de um momento feliz na Casa do Poeta de Canoas, onde a conheci e passei a admirá-la.